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domingo, 20 de junho de 2010

Afinal, quem é cego?

Estamos vivendo na Era da “Cegueira por desatenção”. Nosso cérebro até tenta, constantemente, construir narrativas significativas daquilo que vemos. No entanto, aquilo que não se encaixa muito bem no roteiro do nosso contexto atual ou têm pouca importância, são eliminadas de nossa consciência. Passamos enxergar o que queremos ou o que nos aproxima dos demais.

Embora muitos acreditam que os olhos funcionam como câmeras, estudos mostram que nossa capacidade de apreender informações visuais é bastante limitada. Enxergar custa-nos caro. Um exemplo disto se vê no filme “Ensaio sobre a cegueira” alguns comentam que é apenas um filme de cegos como se não fosse uma história sobre nós mesmos; que temos dificuldade em enxergar o que está tão claro, diante de nossos olhos. Então não somos cegos?

Freud em O mal estar na civilização, nos lembra que “não é possível a nós, nos colocarmos em lugar de outrem, pois isto implicaria levar conosco toda a nossa experiência e subjetividade para tal lugar”. Como acredito que os olhos são as janelas da alma precisamos estar atentos às essências de tudo que vemos. A atual superabundância de imagens nos confundi e, numa visão pessimista, nos conduz à cegueira e assim uma impressão de vazio de alma, pois tendemos a escolher aquilo que os outros escolhem.

A sugestão é nunca decidir pelo que vê antes de analisar os fatos. Jamais julgar o outro sem ouvi-lo, afinal, normalmente agimos de acordo com a nossa sobrevivência e por fim, muita cautela, pois em terra de cego quem tem olho sofre mais.

Marli Cordeiro de Andrade
Psicanalista - Psicopedagoga

Artigo publicado em Março/2010 na Revista Sou mais Minas.Net

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