Pobre moço,
não viu a moça.
Não o culpo,
a menina tem mesmo esse dom
de não se fazer visível,
de não ser notada.
O olhar restrito
não a deixa mostrar-se,
nem ver-se.
Coleciona sensações e,
não podendo vivê-las,
as guarda em cantos de papel
e espaços descoloridos.
Dentro de si fica, calada.
E não há santo que possa tirá-la de lá.
Há um moço, mas ele não consegue vê-la.
Tristes são os olhos desse moço,
incapazes de enxergar
um palmo à frente
dos nomes e números.
Tristes são os sentimentos
dessa moça que,
apesar da voz forte e sincera,
perto dos olhos dele,
permanecem mudos
e calidamente amedrontados."
Cleice Souza
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