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domingo, 10 de abril de 2011

Homofobia, negação da sua própria orientação sexual?

A discussão da homofobia requer, prioritariamente, que se olhe para o contexto em que se vive; da mesma forma que observamos outros comportamentos também regulados por um intricado sistema de normas sociais. Vivemos numa sociedade em que somos observados desde muito cedo e impostos a seguirmos os padrões definidos. Daí, as dificuldades em compreender quem de fato somos.

Nesta confusão mental, em que podemos ser impedidos de manifestar nossos anseios e desejos, nos sentimos obrigados a agir de acordo com o que nos ensinam ser o mais correto; acontece que o nosso inconsciente contestará essas ações e poderemos sofrer mais.

Portanto, sugiro buscar uma melhor compreensão do termo: HOMOFOBIA: A “FOBIA”, que significa “MEDO” pode ser involuntária e difícil de controlar, em reação à atração, consciente ou inconsciente. “HOMO” em grego significa “IGUAL”, sendo assim, podemos entender Homofobia num sentido mais amplo e com maiores possibilidades de entendimento. Temos medos... de não sermos iguais? Trata-se de uma questão enraizada ao racismo e a todo tipo de preconceito. Este medo passa pelo problema da identificação grupal, ou seja, os homófobos conforme suas crenças se opõem radicalmente aos que não se alinham com esses papéis tradicionais que eles desempenham na sociedade, ainda que apenas por aparência, que em alguns casos, o fazem por medo de não suportarem serem eles mesmos; daí o ódio por quem tem coragem de ser diferente da maioria.

Após 1992 em que foi banido o termo “homossexualidade” passando a ser usado “Orientação sexual” nossos olhares começaram ter outra direção: a orientação está voltada para as escolhas. E quem somos nós para questionar, julgar e condenar as escolhas do outros se em muitos casos, nem das nossas estamos capazes de fazer com eficácia.

Não típico de uma analista que acredita que cada pessoa tem a sua história e a partir dela se deve criar estratégia para o alcance do tão sonhado autoconhecimento; neste momento considerando o todo, numa análise inicial, é fato dizer que a homofobia é típica de pessoas que, consciente ou inconscientemente, ainda têm muitas dúvidas e angústias sobre sua própria identidade sexual. Como mecanismo de defesa de sua insegurança resta-lhes ridicularizar e agredir pessoas que possuem a coragem de serem elas mesmas.

Uma educação pautada no respeito mútuo, na busca do autoconhecimento, garantido por uma legislação que seja capaz de assegurar o direito pleno de cidadania, seria o caminho para que todos entendessem que, feito o próprio Freud, pai da Psicanálise declarou: "A homossexualidade não é nada que alguém deve envergonhar-se. Não é vício nem degradação. Não pode ser considerada doença!"

O homófobo deve buscar entender quem verdadeiramente é, quais são seus reais objetos de desejo para que antes de julgar os demais, entenda-se como ser único e feliz com suas escolhas sem necessidade de “olhar, julgar e condenar” as escolhas dos outros.

Marli Andrade
Psicanalista - Psicopedagoga
CNP-ESPO nº 0705-59
www.marliandradepsicanalista.blogspot.com
publicado no Jornal A Cidade em 13/04/2011

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